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Maioria das empresas reconhece importância de modelos de negócio circular
Marcell Viragh/Unsplash

Maioria das empresas reconhece importância de modelos de negócio circular

Apenas 19% integram a economia circular nas suas decisões para reduzir a pegada ambiental, segundo um inquérito da Confederação Empresarial de Portugal (CIP).

A maioria das empresas (97%) reconhece a importância da adoção de modelos de negócio circular, mas só 19% integram a economia circular nas suas decisões para reduzir a pegada ambiental, segundo um inquérito da Confederação Empresarial de Portugal (CIP).

"Existindo uma quase total perceção da vantagem competitiva da economia circular e da circularidade para os vários negócios, 97% das empresas reconhece a importância da adoção de modelos de negócio mais circulares", apontou, em comunicado, a CIP. 

No entanto, os resultados do inquérito E+C (Economia mais Circular), desenvolvido em parceria com a EY-Parthenon, concluem que apenas 19% integram a economia circular nas suas decisões para reduzir a pegada ambiental.  

O que, de acordo com a confederação, poderá ser justificado pelos "obstáculos e barreiras" que limitam a aplicação destas soluções, nomeadamente a legislação, bem como questões económicas e financeiras. 

Por outro lado, 86% das empresas refletem o tema da circularidade, "em alguma medida", na sua atividade, sendo que 12% classificaram-no como um elemento central na sua estratégia. 

No que se refere à aposta em recursos humanos especializados, 74% dos inquiridos garantiram ter colaboradores com competências para adotar o conceito de circularidade, destacando-se os setores dos minérios metálicos e não metálicos, produtos alimentares e gestão de resíduos. 

Já 30% consideram contratar especialistas em economia circular. 

O inquérito verificou ainda que as empresas com competências em matéria de circularidade são as que apresentam maior interesse em investir na contratação de mais trabalhadores.

A aposta em recursos humanos especializados está mais presente em funções de ambiente, economia circular ou equivalente, inovação e cadeia de fornecedores, apontou. 

No sentido oposto, apenas 7% das empresas disponibilizam formação em economia circular, destacando-se os setores ligados à floresta, gestão de resíduos, química e petroquímica e serviços.

A interação com 'stakeholders' (partes interessadas) em matéria de economia circular, por seu turno, está "em fase de desenvolvimento" e sem recurso a métodos mais avançados.

"Com a avaliação dos dados recolhidos junto das empresas portuguesas neste inquérito, conseguimos percecionar que a economia circular é uma temática que começa a aparecer na ordem do dia, tanto ao nível dos negócios como do diálogo com o Governo e com outras entidades. Infelizmente, notamos que existem ainda dificuldades de implementação prática nos negócios dos vários setores, não só pela débil perceção de processos e ações comuns, como também pelo enquadramento legislativo e regulamentar que subsiste nesta área", afirmou, citada no mesmo documento, a assessora sénior da CIP para a área de ambiente & clima, Sílvia Machado. 

O inquérito E+C tem por objetivo demonstrar o papel das empresas "como motor" da transição para uma economia mais circular, identificar ações que beneficiem as empresas, promover a adoção de métricas de circularidade e capacitar as empresas e disseminar boas práticas.

Para a realização desta análise, a CIP recorreu à sua base associativa, sendo que 894 empresas abriram o inquérito, mas 692 não o terminaram. 

No total, responderam a este questionário 202 empresas, sendo a maioria (77%) pequenas e médias empresas (PMEs) destacando-se os setores da moda (20%), metalurgia e metalomecânica (13%) e comércio (12%). 

Redação / Agência Lusa