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Quem é Roberta Metsola, a mulher que vai ficar à frente do Parlamento Europeu?

Quem é Roberta Metsola, a mulher que vai ficar à frente do Parlamento Europeu?

A maltesa, que faz hoje 43 anos, é a terceira mulher a dirigir o PE.

A maltesa Roberta Metsola, eleita hoje presidente do Parlamento Europeu, torna-se a terceira mulher a dirigir a instituição, e uma das missões que terá até 2024 é dissipar inquietações face a convicções pessoais polémicas, como as suas posições anti-aborto.

Metsola, que cumpre precisamente hoje 43 anos, tornando-se assim a mais jovem presidente de sempre do Parlamento Europeu, é oriunda do mais pequeno Estado-membro da União Europeia, o único onde a interrupção voluntária da gravidez é absolutamente interdita.

Casada com um finlandês, mãe de quatro crianças e assumidamente oponente do aborto, como boa parte da sociedade maltesa, Roberta Metsola diz-se consciente das reservas que a sua posição pessoal suscita, mas garante que, enquanto presidente, vai “representar a posição do Parlamento”, incluindo em matérias sobre direito sexuais e reprodutivos.

Democrata-cristã, pertencente à ala mais liberal do Partido Popular Europeu (PPE) – a maior bancada da assembleia europeia, que integra as delegações do PSD e CDS -, Metsola sempre votou sistematicamente contra todas as resoluções ou textos legislativos que passaram no hemiciclo sobre direitos reprodutivos, o que lhe mereceu críticas das suas adversárias mais progressistas.

Contudo, as suas posições são atribuídas sobretudo à cultura vigente em Malta, onde até as forças políticas de esquerda assumem posições contra a interrupção voluntária da gravidez, e, em contrapartida, e até em choque com alguns colegas da sua bancada, tem-se assumido como defensora dos direitos LGBTI.

Depois das francesas Simone Veil (1979-1982) e Nicole Fontaine (1999-2002), Roberta Metsola é a terceira mulher a presidir ao Parlamento, coincidindo com um ciclo em que, pela primeira vez, a Comissão Europeia é presidida por uma mulher, a alemã Ursula von der Leyen.

Eurodeputada desde 2013, desde cedo o percurso de Roberta Metsola parecia apontá-la à Europa e à União Europeia. Formada em Direito e Política no conceituado Colégio da Europa, em Bruges, Bélgica, foi das primeiras estudantes do seu país a participar no programa Erasmus e, ainda estudante, participou nas campanhas pelo «sim» no referendo de adesão de Malta à UE, em 2003.

Metsola candidatou-se pela primeira vez ao Parlamento Europeu em 2004, apenas com 25 anos, não tendo na altura conseguido ser eleita, mas meses mais tarde passou a integrar a representação permanente de Malta na UE, em Bruxelas, como conselheira legal.

Em 2009 voltou a falhar a eleição para o Parlamento Europeu e, em 2012, deixou a representação maltesa em Bruxelas para entrar no corpo diplomático da União, o Serviço Europeu de Ação Externa, também como assessora legal, mas aí só ficou sensivelmente um ano, pois conseguiu finalmente ser eleita em 2013, para substituir um eurodeputado, Simon Busuttil, que abandonou funções prematuramente para assumir a oposição política em Malta.

Reeleita em 2014 e 2019, destacou-se pelo seu trabalho na comissão parlamentar de Liberdades Cívicas – e em dossiês delicados como migrações e Estado de direito -, e chegou a primeira vice-presidente da assembleia, tendo assumido interinamente a presidência durante o período de dois meses de ausência de David Sassoli por motivos de saúde, e após este falecer, na semana passada.

As suas primeiras palavras após a eleição foram em memória de Sassoli, cujo legado de defesa dos valores europeus prometeu tentar prosseguir nos dois anos e meio de mandato que tem pela frente, até às eleições europeias de 2024.

Agência Lusa

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