O piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton respondeu esta terça-feira na rede social Twitter uma declaração racista do ex-piloto brasileiro Nelson Piquet, que numa entrevista divulgada na segunda-feira, chamou o heptacampeão britânico de “neguinho”.
"Vamos focar em mudar a mentalidade", escreveu Hamilton em português na sua conta no Twitter.
Vamos focar em mudar a mentalidade
— Lewis Hamilton (@LewisHamilton) June 28, 2022
Único piloto negro na F1, Hamilton é sete vezes campeão mundial e também escreveu, desta vez em inglês, que a forma como Piquet se referiu a si será "mais do que linguagem”.
“Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso desporto. Fui cercado por essas atitudes e alvo a minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, acrescentou.
It’s more than language. These archaic mindsets need to change and have no place in our sport. I’ve been surrounded by these attitudes and targeted my whole life. There has been plenty of time to learn. Time has come for action.
— Lewis Hamilton (@LewisHamilton) June 28, 2022
A polémica ocorreu com a publicação de trechos de uma entrevista concedida por Piquet ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro de 2021, em que o ex-piloto brasileiro chama Hamilton de "neguinho" ao comparar os acidentes envolvendo Ayrton Senna e Alain Prost, em 1990, na largada do Grande Prémio do Japão, e o que ocorreu 31 anos depois, no Grande Prémio da Inglaterra entre Hamilton e Max Verstappen.
O trecho da entrevista foi publicado pelo canal Enerto, especializado em automobilismo, e teve repercussão nas redes sociais.
Na sequência da divulgação da declaração de Piquet sobre Hamilton, a FIA divulgou na sua página oficial uma mensagem a condenar “veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no desporto ou na sociedade em geral”.
“Manifestamos nossa solidariedade com Lewis Hamilton e apoiamos plenamente o seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no desporto motorizado”, acrescentou.
"Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não faz parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso desporto e merece respeito”, defenderam também nas redes sociais os organizadores da F1, considerando: “Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o qual estamos comprometidos na F1”.
A equipa automobilística Mercedes também divulgou uma mensagem condenando a declaração de Piquet.
“Condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória de qualquer tipo. Lewis liderou os esforços de nosso desporto para combater o racismo e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora da pista. Juntos, partilhamos a esperança de um desporto motorizado diversificado e inclinado, e este incidente sublinha a importância fundamental de continuarmos a lutar por um futuro melhor”, defendeu a Mercedes.
A equipa Ferrari, em comunicado nas redes sociais, também criticou o ex-piloto brasileiro.
Dois anos antes, Hamilton criticou os comentários “ignorantes e sem educação” do ex-chefe da F1 Bernie Ecclestone. Hamilton ficou chocado com a afirmação de Ecclestone durante uma entrevista à emissora CNN de que “em muitos casos, os negros são mais racistas” do que os brancos.
Piquet venceu a F1 três vezes na década de 1980 e 23 corridas. A sua filha Kelly Piquet é namorada de Verstappen.