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Mimi Froes: "estes concertos representam o fechar de um ciclo e o abrir de um novo"
Daryan Dornelles/Facebook Oficial Mimi Froes

Mimi Froes: "estes concertos representam o fechar de um ciclo e o abrir de um novo"

A cantora e compositora atua a 9 de dezembro, no espaço M.OU.CO, na cidade do Porto. Em 2023, chega um novo disco.

Mimi Froes passou pelos corredores da rádio para dar conta das novidades. A cantora e compositora, que vai editar um disco no próximo ano, atua no espaço cultural M.OU.CO, na cidade do Porto, no próximo dia 9 de dezembro. Consigo leva o músico e compositor portuense Tiago Nacarato. A noite promete. E a jovem artista portuguesa, acompanhada pela banda que tanto estima, certamente que vai cumprir. 

Mimi chegou ao nosso estúdio ainda com a alegria e o frenesim de recentemente ter pisado o palco do Capitólio. Foi a 3 de dezembro que a cantora revisitou temas dos EPs "Vamos Conversar" e "E a Cantar" com o público lisboeta. A noite em Lisboa também serviu para a apresentação de quatro canções novas, que hão de chegar com o álbum que vem aí.        

 

Como te sentes, entre concertos?

Sinto-me um pouco ansiosa com o concerto que vou dar no dia 9, no Porto, mas, por outro lado, ainda sinto os nervos e a ansiedade que restaram da noite no Capitólio.

E como foi a experiência de atuar em nome próprio no Capitólio?

Foi maravilhoso e foi muito importante. Foi um passo de transformação. Como vamos lançar um novo disco no próximo ano, esta espécie de tour, como eu lhe chamo, acaba por ser o fechar de um ciclo que junta os meus dois primeiros discos, o "Vamos Conversar" e o "E a Cantar". Além de ser o culminar de algo, estes espetáculos também põem um pezinho no meu novo álbum. Canto quatro músicas novas, uma delas escrita pela Luísa Sobral. Foi ótimo sentir o feedback do público e perceber que as pessoas, tal como eu, têm vontade de ver o novo disco a sair. Já está tudo gravado, só falta mesmo sair. Estes concertos representam tudo isso. Representam o fechar de um ciclo e o abrir de um novo.  

 

E qual foi a reação do público às novas canções?

Os meus dois primeiros discos são muito diferentes um do outro. Penso que o novo álbum vem para apaziguar essas diferenças. Creio que, por causa disso, consegui "agarrar" tanto as pessoas que gostam mais do primeiro como as que preferem o segundo. O novo disco é o ponto de encontro dos dois anteriores. Se o meu segundo EP é um pouco mais livre, orgânico e improvisado, o primeiro é mais pop. O novo álbum é claramente uma junção desses dois mundos. Desta vez dei uma hipótese à existência dos clichés. Esquecemo-nos muitas vezes de que os clichés são clichés por alguma razão. Reaproximei-me e voltei a apaixonar-me pelos clichés. Percebi que, por vezes, são os clichés que funcionam. O novo disco é um misto de atrevimento com o que é mais cliché. 

E o concerto no Porto vai ser idêntico ao de Lisboa, com convidados?

Convidei o Miguel Carmona para o concerto de Lisboa e o Tiago Nacarato para o espetáculo no Porto. O Tiago é uma pessoa que admiro muito. É um músico muito especial e tem sido um amigo muito importante, principalmente nesta fase de início de carreira. Ele acredita mesmo no meu trabalho. No concerto do Porto, vamos cantar um tema dele e um tema meu.


Foste tu quem abriu o concerto que o Tiago Nacarato deu em maio no Capitólio...

Sim. Ele deu-me a mão, quase como expressão de uma crença. Acreditou em mim. É uma pessoa magnífica. É boa gente. Faço questão de estar rodeada por boa gente. 

 

Por falar em crença, logo depois do concerto no Capitólio, escreveste o seguinte nas redes sociais: "há um sentido de crença, há uma confiança qualquer. Essa confiança faz andar a carroça". Além dessa confiança, o que é que mais te ajuda a "puxar a carroça"?

O que mais me move é a certeza de querer fazer música. É a certeza de querer chegar a quem me quiser ouvir. Eu tive uma professora que me costumava dizer que tínhamos de gostar muito de nós para termos o atrevimento de querer estar num palco, de querer mostrar canções. Concordo com ela. É essa a grande razão que faz "andar a carroça". Se assim não fosse, teria deixado as músicas todas na gaveta. Quanto ao sentido de crença, acho que é algo comunitário, de comunidade. Há sempre um "nós". A meta não é desenhada apenas por mim e pela minha banda. É desenhada por mais pessoas. Além disso, apesar de me apresentar em nome próprio, sinto que somos realmente uma banda. É algo que se nota ao vivo. O "nós" existe de uma forma constante. É isso que "move a carroça".      


O que é que te move a escrever?

Um pouco de tudo. No início, quando comecei a compor, inspirava-me em histórias alheias. Por exemplo, há uma canção no primeiro disco, a 'Sonhar', que fala sobre uma refugiada que queria ser dançarina. Tenho outro tema, o Mão Agreste, que está no segundo disco, que é sobre o caso do desaparecimento do Rui Pedro. Comecei por recorrer às histórias dos outros para fugir à tal ideia de cliché mas depois percebi que também o fazia para me defender. Ora no novo disco faço precisamente o contrário. Falo intrínseca e verdadeiramente sobre mim. Vai doer um bocadinho. (risos) 

Sobre a composição:

 

Porque é que achas que vai doer?

O disco é sobre aquilo que fui entendendo sobre mim nos últimos tempos. Funcionou como uma descarga terapêutica. Percebi que tinha um problema, que era o facto de querer ter tudo sob controlo. É por isso que este disco fala precisamente das vezes em que perdi o controlo, em vários aspetos da minha vida. As canções andam à volta das situações em que perdi esse controlo e da resposta que dou quando isso acontece. É sobre diferentes momentos, quando o perfecionismo dá cabo de mim.     

A música na vida de Mimi Froes:


 

Redação

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