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Volume de resíduos no mundo pode aumentar em um terço até 2050
European Union, 2021

Volume de resíduos no mundo pode aumentar em um terço até 2050

ONU alerta para consequências para a saúde e economias.

O volume de resíduos no mundo deve chegar a 3,8 mil milhões de toneladas em 2050, um terço mais do que os 2,3 mil milhões registados em 2023, com consequências para a saúde e economias, alertou hoje a ONU.

O alerta faz parte de um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o "Global Waste Management Outlook 2024" (GWMO), publicado hoje e que aponta as consequências da inação na gestão global dos resíduos, com custos elevados para a saúde humana, para a economia e para o meio ambiente.

O GWMO sublinha que se os mais de dois mil milhões de toneladas de resíduos produzidos todos os anos fossem colocados em contentores de transporte, percorreriam uma distância equivalente a "25 voltas ao equador da Terra ou mais do que uma viagem de ida e volta à Lua".

"Se não forem tomadas medidas urgentes na gestão de resíduos, em 2050 o custo anual global poderá quase duplicar para uns impressionantes 640,3 mil milhões de dólares (cerca de 580,13 mil milhões de euros)", alerta o PNUMA no relatório, apresentado na 6.ª Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente (UNEA-6), em Nairobi.

A diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, sublinhou em comunicado o "papel fundamental dos decisores dos setores público e privado na transição para a eliminação total dos resíduos".

"A produção de resíduos está intrinsecamente ligada ao produto interno bruto (PIB) e muitas economias em rápido crescimento estão a debater-se com o peso do rápido crescimento dos resíduos", sublinhou Inger Andersen.

O PNUMA sublinhou a urgência de adotar medidas de economia circular e de resíduos zero.

"O mundo precisa urgentemente de avançar para uma abordagem de zero resíduos, melhorando simultaneamente a gestão dos mesmos para evitar uma contaminação significativa", afirmou a principal autora do relatório, Zoë Lenkiewicz.

O modelo de economia circular apresentado no documento refere-se a um sistema económico em que os produtos e materiais são concebidos de forma a poderem ser reutilizados ou reciclados.

Assim, podem ser mantidos na economia durante o maior tempo possível, juntamente com os recursos a partir dos quais são fabricados, e a produção de resíduos é evitada ou minimizada, ao mesmo tempo que as emissões de gases com efeito de estufa são reduzidas.

O documento adverte que a crise dos resíduos será tanto maior quanto maior for o crescimento nos países onde o tratamento dos resíduos continua a ser poluente, como descargas ou incineração a céu aberto.

"Apesar dos esforços, pouco mudou. A humanidade até regrediu, gerando mais resíduos (...). Milhares de milhões de pessoas não têm o seu lixo recolhido", resume o documento.

Enquanto a maior parte dos resíduos é recolhida nos países ricos, a taxa de recolha é inferior a 40% nos países mais pobres.

Atualmente, entre 400.000 a um milhão de pessoas morrem todos os anos de doenças ligadas a uma gestão inadequada dos resíduos (diarreia, malária, doenças cardiovasculares, cancro), sublinha o relatório.

Os resíduos depositados no solo libertam durante muito tempo agentes patogénicos, metais pesados e outros desreguladores endócrinos, no solo e nas águas subterrâneas. A queima a céu aberto liberta poluentes persistentes para a atmosfera. Os resíduos orgânicos que se decompõem nos aterros sanitários são responsáveis por 20% das emissões humanas de metano, dos gases com efeito de estufa mais potentes.

A UNEA-6, o principal órgão de decisão ambiental do mundo, reúne "mais de 5.000 representantes dos governos, da sociedade civil e do setor privado", segundo o PNUMA, com sede em Nairobi.

Agência Lusa