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Centenas protestam na Catalunha contra sentenças dos dirigentes políticos independentistas
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Centenas protestam na Catalunha contra sentenças dos dirigentes políticos independentistas

Após serem conhecidas as sentenças, os grupos independentistas cortaram várias estradas e invadiram o aeroporto de Barcelona.

Centenas de independentistas catalães cortaram hoje algumas avenidas de Barcelona e concentram-se em diversas zonas da cidade em protesto contra as condenações de ex-membros da administração autónoma por crimes de sedição e má gestão de fundos públicos.

Após serem conhecidas as sentenças, os grupos independentistas cortaram vários acessos rodoviários à cidade, concentraram-se em frente à sede do organismo Òmnium Cultural e à sede do gabinete do conselheiro para as questões territoriais do governo regional.

Também a circulação ferroviária foi cortada cerca das 10:30 (09:30 em Lisboa) nas linhas R11 e RG1 por cerca de uma centena de pessoas que acedeu às linhas na estação de Celrà, em Girona.

Entretanto, através das redes sociais, os Comités de Defesa da República (CDR) apelam à desobediência afirmando que “é altura para a revolta popular”.

“A vossa sentença é a vossa condenação. É a hora de nos levantarmos contra o fascismo autoritário do Estado espanhol e os seus cúmplices”, proclama o CDR através da rede social Twitter.

O aeroporto de Barcelona foi invadido por dezenas de manifestantes e mais de 100 voos já tiveram de ser cancelados devido aos protestos.

Mossos d'Esquadra pedem apoio à polícia nacional para proteger aeroporto e disparam bolachas de borracha

Elementos da polícia nacional espanhola juntaram-se a efetivos locais para protegerem o aeroporto El Prat, em Barcelona, onde dezenas de voos já foram cancelados hoje devido à ação dos manifestantes em protesto contra a condenação de dirigentes independentistas.

À medida que a contestação à decisão judicial ganha maior dimensão, em diversas cidades catalãs, impedindo acessos a transportes públicos e bloqueando estradas, as autoridades policiais catalãs [Mossos d'Esquadra] começaram a pedir ajuda a diversas unidades de polícia nacional, como a polícia de choque e a unidade de intervenção policial, para proteger infraestruturas vitais, como o principal aeroporto de Barcelona.

Os Mossos d’Esquadra já tiveram que intervir com uma carga leve junto de um grupo de manifestantes, que procurava obstruir o acesso à estação de metropolitano do aeroporto, e pediram ajuda a várias unidades policiais para os auxiliar.

Sabe-se também que dispararam balas de borracha. contra as centenas de manifestantes que ali protestam contra a condenação de dirigentes independentistas da Catalunha. 

Situação idêntica ocorreu com os serviços ferroviários de Girona, onde um grupo de manifestantes cortou a linha de comboio tradicional e de comboio de alta velocidade, pintando mensagens de apoio à causa independentista em várias carruagens.

Os protestos estavam a ser preparados desde domingo, com instruções criptografadas na aplicação de Internet Telegram, distribuídas a mais de 150 mil pessoas com um objetivo bem definido: “Amanhã, vamos estar todos prontos! A resposta à sentença será imediata!”.

A organização Tsunami Democrático tem estado ativa há mais de 24 horas, a mobilizar grupos de protesto, que se espalham pelas ruas e praças de várias cidades catalãs, promovendo bloqueios a transportes públicos, marchas lentas em estradas e até manifestações silenciosas em frente a edifícios públicos.

A maior preocupação das autoridades centra-se nos serviços de transportes: rodovias, ferrovias e aeroportos parecem ser pontos privilegiados de protesto.

O Serviço Catalão de Trânsito (SCT) informou que a principal via de acesso ao El Prat, a C-31, está cortada por uma manifestação de independentistas que não parou de crescer nas últimas horas.

Mas também em algumas das mais movimentadas estações de caminhos de ferro da Renfe, como Passeig de Gràcia e Sants, há aglomerações de manifestantes que estão a causar a prolongadas interrupções de acesso. 

Carles Puigdemont fala num acto de "repressão e vingança"

Esta tarde, em conferência de imprensa, o expresidente da Catalunha, Carles Puigdemont, disse que a sentença do Supremo Tribunal Espanhol é um "acto de vingança e repressão".

Explicou também que estas "condenações injustas" não o demovem das suas convicções, e que são "um ataque ao Estado de Direito".

O Tribunal Supremo condenou hoje os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até 13 anos de prisão.

O ex-vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, foi condenado, por unanimidade, a 13 anos de cadeia por delito de sedição e má gestão de fundos públicos.

Foram condenados a 12 anos de cadeia os ex-conselheiros da Jordi Turull (ex-conselheiro da Presidência), Raul Romeva (ex-conselheiro do Trabalho) e Dolors Bassa (ex-conselheira para as Relações Exteriores) por delitos de sedição e má gestão.

O antigo titular do cargo de conselheiro do Interior, Joaquim Forn e Josep Rull (Território) foram condenados a 10 anos de cadeia.

Jordi Cuixart, responsável pela instituição Òmnium Cultural, foi condenado a nove anos de prisão por sedição.

Os factos reportam-se a 2017 sendo que os magistrados entendem que os acontecimentos de setembro e outubro do mesmo ano constituíram crime de sedição visto que os condenados mobilizaram os cidadãos num “levantamento público e tumultuoso” para impedir a aplicação direta das leis e obstruir o comprimento das decisões judiciais.

“Os acontecimentos do dia 01 de outubro” (2017)” não foram apenas uma manifestação ou um protesto. Foi um levantamento tumultuoso provocado pelos acusados”, referem os juízes do Supremo espanhol.

 

 


 

 

Agência Lusa

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