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Dez grandes momentos ao vivo da década

Dez grandes momentos ao vivo da década

Mais um balanço da década. Desta vez, tiramos o pó a dez grandes momentos ao vivo em palcos nacionais.



Estamos a fechar oficialmente mais uma série de dez anos. Escolhemos dez grandes momentos vividos nos palcos nacionais na última década. 

Este balanço merece uma nota introdutória para salvaguardar todos os momentos ao vivo, a contar a partir de 2010, que, apesar de não estarem mencionados nas linhas abaixo, estarão no top pessoal de cada um. Sabemos que elaborar um top de emoções ao vivo pode mexer com critérios mais subjetivos. Ressalva feita, a partir de agora o palco é de grandes momentos ao vivo, testemunhados em solo nacional, que não vamos conseguir esquecer tão cedo. Nem queremos!


Festival da Eurovisão em Portugal 2018

Em 2017, Salvador Sobral ganhou o Festival da Eurovisão. Que alegria que foi. 'Amar Pelos Dois', canção composta pela irmã Luísa Sobral, deu o grandioso título das cantigas a Portugal, feito nunca antes conquistado. O cantor português amou por dez milhões... ou melhor, fazendo as contas com o alcance fora de portas, Salvador amou por muitos, mas mesmo muitos mais. O sucesso da canção, tão gentilmente despida ao essencial, foi global. Atravessou um bom número de fronteiras e meteu o mundo a cantar em português (a arranhar o português) e, mais importante que tudo, a amar em português. No ano seguinte, e pela ordem natural das coisas, Portugal recebeu a competição ali para os lados do Parque das Nações. A transmissão da RTP talvez tenha sido uma das mais bem conseguidas de sempre. Um merecido aplauso de pé às quatro apresentadoras da estação de televisão pública: Sílvia Alberto, Catarina Furtado, Daniela Ruah e Filomena Cautela. Que show! A cantora israelita Netta foi a grande vencedora com o tema 'Toy'. Portugal ficou em último lugar com o emotivo Jardim de Cláudia Pascoal e Isaura. Não faz mal! Ganhou em tudo o resto.
 


Xutos & Pontapés no Optimus Alive 2011

Sinal de respeito. Cruzemos os braços no ar... com muita saudade. Temos um parágrafo dedicado a Zé Pedro, o eterno guitarrista dos Xutos e eterno guitarrista de todos nós. O concerto que os Xutos e Pontapés deram na edição de 2011 no Optimus Alive (hoje NOS Alive) ainda sucumbe à força da gravidade para fazer cair uma lágrima. Os Xutos subiram ao palco principal do Passeio Marítimo de Algés no dia 7 de julho, o segundo dia do festival que nessa edição teve os Foo Fighters, Coldplay, Jane's Addiction e Thirty Seconds to Mars como cabeças de cartaz. Foi o dia que marcou o regresso de Zé Pedro aos palcos, depois de ter estado afastado da estrada por questões de saúde. Emocionado, com a voz tremida, um sorriso largo e os olhos a latejar de brilho, antes de se atirar à guitarra, Zé Pedro fez um discurso que vamos guardar… para sempre, como diz a canção. "Já estava com saudades. Realmente a vossa força dá-me um alento enorme. É muito bom estar aqui e ser recebido desta maneira", disse Zé Pedro a todos os que tiveram o privilégio de estar no recinto de Algés. Tim também quis receber Zé Pedro com algumas palavras que fazem eco em todos os instantes em que sentimos a falta do nosso grande Zé Pedro. Alguns segundos antes de 'Perfeito Vazio', ouviu-se o desabafo emocionado da voz dos Xutos: "fazes falta, senti um vazio cá dentro". 
 


Beyoncé no MEO Arena 2014

O cortejo da Queen B chegou ao MEO Arena numa noite de março de 2014. Aliás, em duas noites. Foram dois concertos - de tamanho acima na escala da espetacularidade - a fazer a arena lisboeta transbordar de gente eufórica. O clássico rufar de tambores e um refinado coro de vozes prepararam a sumptuosa entrada de Beyoncé (e da corte que trouxe da América). Se não esteve lá, imagine isto: uma linha de bailarinos vestidos de branco na frente. Mais atrás, numa plataforma elevada, mais uma linha da comitiva real em tons mais escuros. Agora, sinta isto: a música a crescer em intensidade, a segurar o momento de antecipação e... pum! Uma série de explosões. Viram-se explosões literais e outras que rebentaram do entusiasmo do público quando meteu os olhos na figura da rainha que emergiu do palco. Who runs the world? A Beyoncé, claro. Foi assim o início de um dos grandes espetáculos da década com força suficiente para ser consensual. O resto é história. "The Mrs. Carter Show" foi o espetáculo que a artista norte-americana trouxe à Europa. Beyoncé também trouxe o marido, o rapper Jay Z, que subiu ao palco no tema 'Drunk in Love'. No alinhamento houve espaço para outros hits majestosos como 'Run the World (Girls)', 'Flawless', 'Get Me Bodied', 'Baby Boy', 'Haunted', 'Love On Top', 'Why Don't You Love Me', 'Crazy in Love', 'Single Ladies (Put a Ring on It)', 'Heaven', 'XO' ou 'Halo'.   
 


Adele no MEO Arena 2016

A estreia de Adele em Portugal foi no final de maio de 2016. A data até calhou bem na agenda da cantora britânica que aproveitou a ocasião para dar um pulinho ao concerto do tio Bruce (Springsteen) que tocou em Portugal por essa altura. A demolidora estreia de Adele desdobrou-se em dois concertos no MEO Arena. Os bilhetes esgotaram mais rápido do que um sprint da sombra. Somando os lugares de dois MEO Arenas, os dois concertos arrumaram na sala cerca de 20 mil pessoas, sendo que a vasta e animada mancha humana era composta por retalhos de várias nacionalidades. Ouviram-se várias línguas e cantou-se em inglês em uníssono. Coisa para arrepiar até uma pedra. Veio gente do mundo inteiro para ouvir a voz da cantora britânica a encher hits como 'Hello', 'Rolling in the Deep', 'Someone Like You', 'Chasing Pavements', 'Set Fire To The Rain'… e a lista continua e continua. "25" foi o disco que trouxe Adele a Lisboa. Boa conversadora, brincalhona e capitã do seu mundo, a voz de grandes glórias radiofónicas mostrou qual é verdadeira textura das estrelas.
 



Bruce Springsteen e Stevie Wonder no Rock in Rio Lisboa 2012

Assumimos a batota. Este é um dois em um. Tem de ser. Como esquecer aqueles dois concertos no Parque da Bela Vista, em Lisboa, na primavera de 2012? Impossível. Stevie Wonder e Bruce Springsteen subiram ao palco principal da versão portuguesa do Rock in Rio para mostrar como é que se fazia, como é que se faz e como é que se vai fazer. Assim é com os músicos intemporais. No dia 2 de junho, já tinha havido comunhão com a cantoria em massa que se ouviu durante os clássicos de Bryan Adams (outro grande concerto, por sinal) de Joss Stone e dos Gift que abriram o palco Mundo. Apesar de não ofuscar nenhum dos mencionados antes (é tudo gente porreira), Stevie Wonder foi a estrela maior que brilhou em chão maior. O senhor da Motown já não vinha a Portugal há uns vinte anos, a noite só poderia ter um desfecho: festa histórica! Houve 'Higher Ground', 'My Eyes Don't Cry', 'Master Blaster (Jammin')', 'I Just Called to Say I Love You', 'Superstition', 'My Cherie Amour', 'Another Star', 'Sir Duke' e ainda versões de 'How Sweet It Is (To Be Loved by You)', 'The Way You Make Me Feel (Michael Jackson)', 'Você Abusou' (Pery Ribeiro), 'Hello, I Love You' (The Doors) e um mais cheirinho tropical de 'Garota de Ipanema'.
 


Sem querer ferir qualquer tipo de suscetibilidades, há uma vida antes de ver Bruce Springsteen ao vivo e outra vida depois de ver Bruce Springsteen ao vivo: ABSAV e DBSAV. Um dia depois da festa colossal de música e amor do senhor Stevie Wonder, chegou o Boss ao palco Mundo. Bruce Springsteen e a sua E Street Band tocaram durante três horas - sempre impecáveis, frenéticos e em excelente forma - e esticaram o concerto para lá do fogo de artifício que costuma dar por terminada a festa. Springsteen disse ao público que estava ali com uma missão: "estimular os órgãos sexuais com o poder do rock n' roll". O que se passou exatamente com quem estava no recinto não sabemos, mas garantimos que o concertão do patrão mais porreiro do universo e arredores estimulou os sentidos (todos de uma vez), acelerou as glândulas sudoríparas, agitou o coração e tratou da alma dos que estavam no recinto. 'Badlands', 'Death to My Hometown', 'My City of Ruins', 'No Surrender', 'Because the Night', 'I'm on Fire', 'The River', 'The Rising', 'Thunder Road', 'Born in the U.S.A'., 'Born to Run', 'Hungry Heart', 'Glory Days' ou 'Dancing in the Dark' foram alguns dos tesouros do alinhamento. No final do concerto, enquanto o céu já era palco para uma sincronizada dança de cores, o Boss continuou a rockar e a desbravar a guitarra com milhares de pessoas felizes aos pés. Ouvia-se 'Twist And Shout'. Foi tão bonita a festa. 
 


Coldplay no Estádio do Dragão 2012

O concerto da banda britânica foi fortemente abençoado pela chuva. O amplo recinto transformou-se numa imensa mancha branca que afinal era o público que se protegia da chuva com as capas impermeáveis que estavam mais à mão, estrategicamente à venda na porta do estádio. O disco "Mylo Xyloto" foi o motivo, dificilmente pronunciável, para a passagem dos Coldplay por Portugal. Era dia 21 de maio de 2012. 50 mil pessoas estiveram no estádio portuense para acompanhar a voz de Chris Martin nos sucessivos hits que foram sendo disparados do alinhamento. O quente coro de vozes ouviu-se contra "ventos e tempestades". Não faltaram canções como 'Yellow', 'Clocks', 'In My Place', 'The Scientist', 'God Put a Smile Upon Your Face', 'Paradise', 'Viva la Vida', 'Speed of Sound', 'Charlie Brown' ou 'Fix You'. 'Every Teardrop Is a Waterfall' foi o toque final. Por esta altura, Chris Martin já desfilava envolvido na bandeira portuguesa. Houve explosão de cores, chuva de papelinhos, dança de bolas coloridas e de pulseiras luminosas. Uma autêntica cascata de alegria e um dilúvio de felicidade lá para os lados do Dragão.
 


Ornatos Violeta em Paredes de Coura 2012

Como não? Foi o concerto que marcou o regresso dos Ornatos Violeta aos palcos, coisa com estatuto de grandiosa que muitos queriam mas já tinham desistido de encarar como uma possibilidade. Aconteceu em 2012 com um concerto no festival Paredes de Coura e outros tantos nos Coliseus de Lisboa e Porto. No festival do Minho, numa noite de agosto, os Ornatos Violeta tocaram na íntegra o álbum "O Monstro Precisa de Amigos" e voltaram para mais dois encores. A sede era tanta. A nossa e a deles. Um dia de fé que transformou a longa e dura espera num dos momentos mais épicos do rock nacional
 



Ed Sheeran no Estádio da Luz 2019

A última passagem de Ed Sheeran por Portugal ainda está morna na memória. Em junho deste ano, o ruivinho Edward Christopher Sheeran encheu o Estádio da Luz… duas vezes. A proeza é um estardalhaço pop, mas o que se viveu na Luz foi de uma simplicidade comovente. No palco, esteve apenas o Ed e a sua estimada guitarra acústica. A digressão Divide chegou para unir. Uniu cerca de 60 mil pessoas x 2 . Mais de 120 mil existências quiseram ir ao estádio ver ao vivo o ponta de lança da pop dos últimos anos. Antes de Sheeran, só os Pink Floyd e os U2 foram capazes de encher dois estádios por cá. Ah, valente! Temas como 'Castle On The Hill', 'The A Team', 'I Don't Care, Dive', 'Bloodstream', 'Photograph', 'Perfect', 'Sing' ou 'You Need Me, I Don't Need You' foram algumas do alinhamento que saltaram à vista. James Bay, Zara Larsson e Ben Kweller foram a equipa de aquecimento.  
 

 

Eddie Vedder Super Bock Super Rock 2014

O concerto do Eddie Vedder, ali para os lados do Meco, teve uma mão cheia de momentos acústicos e de boa conversa que merecem umas linhas. Como já é costume, o homem dos Pearl Jam esteve confortavelmente em casa, rodeado por um bom grupo de amigos. O músico norte-americano despiu ao essencial um set de canções de outros grandes, umas tantas que assina (em nome próprio e com os Pearl Jam) e hinos à paz que podiam mudar o mundo, se houvesse boa vontade. Houve convidados no palco. Eddie Vedder convidou o nosso Legendary Tigerman para uma versão de 'Masters of War' (de Bob Dylan) e recebeu Cat Power para uma partilha ternurenta do clássico 'Tonight You Belong to Me'. O bom amigo de Portugal tocou pela primeira vez uma versão de 'Imagine' (de John Lennon). "A canção mais poderosa que alguma vez foi escrita", disse-nos, claramente emocionado, depois de ter feito um discurso pela paz, pelo amor e em defesa de todos os valores apaziguadores da agitação negativa do mundo. Quem estava no recinto "adivinhou" a intenção do velho amigo que aproveitou o concerto para esclarecer umas palavras que tinha dito uns dias antes sobre o conflito israelo-palestiniano. No meio do discurso, o público ergueu cartazes com frases da letra do clássico de Lennon e palavras de paz. Mais tarde, Eddie Vedder editou a versão gravada em Portugal e ofereceu as receitas a uma organização que junta artistas israelitas e palestinianos. Fomos todos sonhadores. Que bem que soube.
 


Foo Fighters no NOS Alive 2017

"E salta, Dave. Olé, olé. E salta, Dave". O cântico tradicional do rock n' roll, personalizado para o homem dos Foo Fighters, ouviu-se bem alto na noite de 7 de julho no Passeio Marítimo de Algés. Vendo bem já era dia 8. Uma autêntica loucura fora de horas. A cantoria animada, antes dos primeiros acordes de 'Everlong', entusiasmou um já muito aceso Dave Grohl que deu conversa ao público durante todo o concerto. Mesmo sem saber exatamente o que significaria, o frontman dos Foo Fighters alinhou na brincadeira e até chegou a pedir um hit ao público. O fiel Taylor Hawkins ajudou à festa no posto da bateria. Foi coisa bonita para durar uns bons minutos. "Campeões, campeões, nós somos campeões", também se ouviu entre a gritaria, claro. O título de campeões da Europa de Futebol já era tento de 2016, mas era importante partilhar a alegria com Dave e companhia. Tal e qual como se partilha com os amigos. A banda norte-americana não era estreante no festival, muito menos em palcos nacionais, e quem a conhece sabe o que é que a casa gasta, mas o concerto de 2017 tinha de aparecer neste balanço. Festa rija do rock n' roll como a gente gosta. Para reviver o momento, é só carregar no play!

 

   
 

 

Silvia Mendes

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