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Roberto Leal: o adeus a um homem alegre e muito gentil

Roberto Leal: o adeus a um homem alegre e muito gentil

O cantor "português brasileiro" deixa saudades e uma marca profunda entre os que o conheceram. O funeral de Roberto Leal realiza-se esta segunda-feira, em São Paulo, no Brasil.


Foram muitas as personalidades que quiseram prestar homenagem ao cantor luso-brasileiro, depois de ontem ter sido noticiada a sua morte, aos 67 anos. Do universo da televisão ao da música, as reações multiplicaram-se. A notícia da morte de António Joaquim Fernandes não deixou ninguém indiferente, antes pelo contrário. Entre as muitas (e sentidas) palavras deixadas ao cantor de Macedo de Cavaleiros, destacam-se as que sublinham a grandeza do coração de Roberto Leal e a alegria com que contagiava todos à volta.

Numa nota enviada ontem à Agência Lusa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou "com amizade" o cantor luso-brasileiro, lembrando o "seu papel junto das comunidades portuguesas, nomeadamente no Brasil, com ligação às suas raízes, durante várias décadas".

Tony Carreira lembrou um encontro que teve com Roberto Leal, há cerca de 15 anos, que serviu para discutirem a possibilidade de um dia gravarem um dueto, o que acabou por nunca acontecer. "Quando soube desta notícia a primeira coisa que me veio à memória foi o nosso encontro pedido por ele há mais de 15 anos. Este encontro era para ser breve e acabamos por passar o dia juntos! O motivo desse encontro era a possibilidade e a vontade de ambas as partes de um dia gravarmos um dueto, o que infelizmente acabou por nunca acontecer. Na banda onde toquei durante 10 anos antes de iniciar a minha carreira a solo foram muitas as vezes em que cantei muitas das suas canções, das quais destaco esta ['Que Bela Vida']. Nesse nosso encontro de há 15 anos atrás eu perguntei-lhe se ele se lembrava desses tempos e ele disse recordar-se muito desse miúdo cheio de sonhos. Para lá do grande artista que ele foi sempre falou do orgulho que sentia pela sua terra natal. Foi sempre um senhor de respeito tanto na sua profissão como na sua vida pessoal. Fica para sempre a sua obra e as saudades de um ser humano maravilhoso", escreveu o cantor nas redes sociais.
 



Também nas redes sociais, o apresentador Manuel Luís Goucha recordou a gentileza e alegria de Roberto Leal.
"Recebi-o inúmeras vezes nos programas que apresento, a última das quais em Janeiro passado (teve a gentileza de vir propositadamente a Portugal para estar no "Você na TV"). É isso: dele recordarei sempre a sua gentileza e a alegria. Obrigado Roberto!"
 




Jorge Gabriel também reagiu à morte de Roberto Leal
. O apresentador de televisão sublinhou a energia revitalizante do cantor e a atitude positiva que mantinha perante a vida. "Faltam-me palavras para a falta que me fará este grande amigo. É inexplicável o quanto nos respeitávamos e entendíamos. Fonte inesgotável de energia e positivismo, era um promotor acérrimo de uma ponte cultural entre Portugal e o Brasil. O sorriso sonoro, o abraço longo e o até sempre irmão vou voltar a recebê-los quando nos virmos na eternidade. És enorme!".

 



Ainda no universo da televisão, Bruno Nogueira também deixou palavras comoventes de homenagem ao cantor luso-brasileiro. "Ficamos todos a perder, quando perdemos o Roberto Leal. O Roberto era um homem bom, um homem puro, um amigo que fiz sem esperar, e que perdi antes de ser a hora justa para isso. Um dia disse-me: 'não imaginas a felicidade que é poder brincar com a imagem que as pessoas têm de mim'. Rimos muito, conversámos muito, comovi-me inúmeras vezes com as suas declarações de afecto e generosidade. Hoje fez-se fim, e a tristeza ganhou mais terreno do que esperava. Há pessoas que entram e fazem ninho, e nestes dias fazem-se mais vivas que nunca. A mágoa do Roberto sempre foi sentir-se emigrante no Brasil e em Portugal. Hoje isso fica resolvido de uma vez por todas: o coração do Roberto Leal não cabe em dois países. E é uma pena ele não estar cá para ver isso.
P.s. O Daniel Oliveira relembrou-me agora uma bonita frase de despedida. A certa altura, no "Som de Cristal", pergunto ao Roberto: 'onde preferias morrer, no Brasil ou em Portugal?' Ele respondeu: 'em paz'." 
 

 

Nuno Markl destacou a dimensão do coração de Roberto Leal e a sensação de paz que tinha na presença do cantor. "Era muito fácil espetar carimbos e etiquetas ao Roberto Leal, mas mais fácil ainda retirá-los, quando o conhecíamos. Foi das super estrelas mais gentis, disponíveis e despretensiosas que conheci, um cavalheiro de bom coração, um artista que sabia o que era chegar ao povo e, ao mesmo tempo, escavar no cancioneiro popular em busca de verdade e de coisas que não eram só o Dá Cá Um Beijo. Mas, tal como se viu no Último a Sair, ou nas vezes que nos cruzámos em programas de rádio e TV, era também um artista com um sentido de auto-paródia contagiante, que não só alinhava nos desafios como ainda lhes acrescentava alguma coisa. Lembro-me do quão genuinamente bem me sentia quando nos encontrávamos: ele punha qualquer um à vontade e emanava uma paz e uma decência realmente tocantes. Não estive muitas vezes com ele, mas ainda assim vou sentir-lhe a falta. Boa viagem e - como não podia deixar de ser - 'um beijo no coração!'", escreveu.


 

 

O ator Nuno Lopes também deixou uma mensagem nas redes sociais para destacar a disponibilidade, a alegria de viver e o bom humor com que Roberto Leal encarava a vida. "Tive o prazer de o conhecer numa passagem breve pelo "Último a Sair" do Bruno Nogueira. Foram apenas dois ou três dias de rodagem mas o suficiente para ficar boquiaberto com a disponibilidade, a alegria de viver, o bom humor e a maneira sábia e simples com que destruía todos os preconceitos sobre si mesmo e sobre os outros sem nunca deixar de 'ser igual a si próprio' nem de defender com dignidade as coisas em que acreditava. Nunca me esquecerei quando na única take que fizemos da minha saída da casa resolvi improvisar um beijo na boca. A maneira como se adaptou à situação (não a negando), a inteligência com que improvisou seguindo a cena e percebendo claramente onde estava a graça e como se podia explorar este acontecimento é algo que vi em muito poucos actores ao longo do meu percurso. Foram poucos dias, Roberto, nunca mais nos vimos mas deixaste uma marca enorme no meu coração. Sou Ateu, temos crenças diferentes mas hoje gostava de acreditar que o teu Deus existe mesmo, porque merecias ser recebido por ele de braços abertos. Obrigado por tudo. Um beijo. Nos lábios. Sem improvisos."

 


O apresentar Rui Unas, que também entrou no programa "Último a Sair", partilhou um vídeo com os melhores momentos protagonizados por Roberto Leal no programa da RTP. "Este foi o Roberto Leal que eu conheci. De uma educação exemplar, apaixonado pela vida e pelo seu trabalho e sobretudo com a notável capacidade de se rir de si próprio. Roberto, foi bom ter-me cruzado no teu caminho. Descansa em paz."
 


 

O músico Luís Varatojo também partilhou uma história que viveu com Roberto Leal durante uma viagem a Toronto, Canadá. "No final dos anos 90 fui tocar a Toronto na festa portuguesa do 10 de junho. Ao embarcar no avião vi que o Roberto Leal e a sua comitiva também se preparavam para fazer a viagem. Conhecia o Rodrigo (filho do Roberto) e cumprimentámo-nos, depois eles foram para a classe executiva, nós para a económica. A certa altura uma assistente de bordo vem ter comigo e pergunta-me se quero passar para um lugar na executiva, o convite vinha da parte do senhor Roberto Leal. Aceitei. Até Toronto falámos um pouco de tudo, e, sobretudo, de música portuguesa. À chegada havia uma comissão de boas vindas que imediatamente, e calorosamente, centrou a sua atenção no Roberto. Fizeram-lhe uma festa enorme. A nós pouco ligaram. Aí o Roberto chama-me novamente e apresenta-me ao grupo, dizendo: vocês cuidem bem destes meninos, eles são ouro. Não sei se foi por isso, mas fomos tratados como príncipes durante a estadia. No dia do concerto, num auditório ao ar livre, com cerca de 20 mil pessoas à frente, o Roberto entra em palco com a sua banda, todos vestidos de branco, e foi a loucura; as 20 mil almas a cantar o Carimbó Português, o Bate o Pé, viras e malhões, até o hino nacional. Foi impressionante. Ele era mesmo uma grande estrela. Ele era, quer queiram quer não, o grande cantor da diáspora portuguesa. E um senhor! Que descanse em paz."

 


A cantora Rita Guerra sublinhou a humildade, a simpatia, a educação e o companheirismo do cantor. "Roberto Leal, o teu nome faz-me sorrir de imediato...antes de tudo o mais, és um exemplo de humildade, simpatia, educação e companheirismo. És e serás sempre muito querido por todos".

 



O velório do cantor Roberto Leal decorre esta segunda-feira, na Casa de Portugal, na região central de São Paulo, no Brasil, a partir das 07h00 (11h00 em Lisboa). O enterro está marcado para as 15h, no Cemitério de Congonhas, na zona sul da cidade. 


 

 

Redação

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